Bem, não exagero ao dizer que Sam Raimi é um de meus diretores favoritos.
Para quem nunca viu esse filme, ele é uma sequência/reboot do “A Morte do Demônio” (The Evil Dead, 1981), que nos apresenta a história de um grupo de jovens que fica preso em uma cabana no meio de uma floresta, sendo perseguidos pelos espíritos demoníacos invocados a partir da leitura do Necronomicon. Mas, enquanto o primeiro filme é um filme de terror no sentido mais tradicional, “Uma Noite Alucinante” parte para um misto de terror, humor negro e ação, apresentando praticamente a mesma história, mas adicionando novos elementos e alterando uma série de pontos.
No entanto, o que realmente me pegou nesse filme, e que me fez correr atrás de toda a filmografia de Sam Raimi, foi a energia que parecia pulsar do filme. Sendo um projeto realizado entre amigos de longa data, existia, de fato, uma grande diversão no período das filmagens, mas também é muito mais que isso. Com uma câmera extremamente fluída, Raimi é um daqueles diretores que conseguem levar o espectador por um passeio visual, colocando-o em movimento junto com seus personagens enquanto apresenta tomadas e transições únicas. Não só isso, ele possuí um senso de timing e de ritmo espetacular, conseguindo contar uma história em um ritmo acelarado, mas que nunca chega a ser corrido, e alternando os momentos de humor, horror e ação com uma maestria única.
Essas características sempre acompanham os filmes do diretor que, mesmo em suas produções mais fracas, consegue criar uma experiência única e divertida, destoando sempre do feijão com arroz das grandes produções. De fato, tenho para mim que, mais do que um contador de histórias, Raimi é um apaixonado pelo cinema, e é essa paixão que ele sempre deixa aparecer em suas produções.
Mas então, toda essa introdução está aqui apenas para apresentar aquele que considero ser um dos filmes mais fascinantes do diretor mas que, ainda assim, não é tão conhecido ou comentado como a franquia Evil Dead ou suas produções mais recentes, como o próprio Homem-Aranha ou o Arraste-me para o Inferno: Darkman.
E vamos ficar por aqui para evitar entrar no terreno dos spoilers.
Se você nunca viu Darkman, eu recomendo bastante a experiência. Apesar da trama em si ser algo relativamente simples, a atuação de Liam Neeson como Peyton Westlake já é, por si só, digna de ser vista. Aqui, o ator dá ao personagem um peso e uma gravidade memoráveis, uma vez que o ator dá um show nas transições repentinas e abruptas emocionais de seu papel, e isso sem jamais descambar para o ridículo ou para o muito exagerado.
Não só isso, a própria construção de mundo de Darkman é algo digno de nota. Numa época em que filmes baseados em quadrinhos ainda eram uma parte bem pequena do meio cinematográfico, é curioso ver como a inspiração dos quadrinhos é bem forte no filme, ainda mais para um personagem original. Tanto no estilo quanto na narrativa, é notável o quanto as histórias em quadrinhos influenciam a construção desse mundo, seja no drama de Peyton e em sua relação conturbada com Julie Hastings (Frances McDormand), ou mesmo no tom exagerado e nas ações caricatas de seus vilões. Estes, são um espetáculo à parte, mais parecidos com personagens tirados de das histórias de Dick Tracy, cada um marcado por maneirismos, tiques e tocs extremamente específicos.
Bem, e se isso tudo ainda não foi o suficiente para te convencer a dar uma chance ao filme, considere que temos aqui uma planta baixa daquilo que o diretor fará anos depois em Homem-Aranha.
Mas isso será uma conversa para um outro dia.
Até a próxima!
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