Desde que me entendo por gente que leio quadrinhos. Primeiro foram as revistinhas infantis, como Pato Donald, Mickey, Pinduca, Bolinha, Luluzinha e tudo o mais que havia disponível para o público infantil, dentre vários outros que meu pai nos trazia de suas viagens e os que acompanhávamos através dos jornais como o Correio da Manhã, que meu pai assinava. Havia também as adaptações para HQ dos clássicos da literatura, que começavam a se popularizar.
O livro me levou diretamente de volta aos anos 1970, quando estudava nos Estados Unidos. Estudar em outro país, era uma forma que as jovens iranianas encontravam de fugir da vigilância familiar, e quem sabe, casar e viver uma vida mais livre, longe dos costumes arcaicos do país de origem. Isso, para nós latinas era um sonho e para as orientais, no caso, as iranianas, uma oportunidade de fugir dos casamentos arranjados pelos pais, à revelia da noiva.Crédito foto: Joseph Szabo
Conheci e fiz amizade com uma jovem iraniana nessa situação. Ela, que já estava morando nos Estados Unidos há alguns anos, já concluíra a graduação e estava vislumbrando um mestrado na sua área (não me lembro mais qual era a sua área de estudo). O fato era que ela sempre descobria um novo curso, uma nova forma de postergar o retorno para o Irã e lá submeter-se a uma união com um homem mais velho, escolhido pelos pais, que já se impacientavam com suas postergações e pedidos de desculpa ao “noivo” que haviam escolhido para ela, dentro dos padrões tradicionais: muito mais velho e rico, muito rico. Então tomaram uma decisão e foram eles mesmos resgatar a filha, que adiava tanto a volta para casa.
Quando a conhecemos, a jovem iraniana estava vivendo esse dilema: voltar para o Irã e casar com o velho rico que os seus pais haviam escolhido para ela, ou permanecer nos Estados Unidos, opção com a qual ela não podia arcar e seus pais lhe deram um xeque-mate: ou ela voltava com eles, ou não arcariam mais com os custos de sua permanência nos Estados Unidos. E foi o que ela fez: voltou para casa, desolada e triste, e nós, suas amigas, não tivemos mais notícias suas.
Grata pela publicação do meu texto, no qual relato o drama das mulheres iranianos nos anos de 1970. E hoje não deve ter mudado muita coisa. Temos ouvido ecos de tragédias que tem vitimado mulheres iranianos.
ResponderExcluirVitória, suas experiências são um brinde a sabedoria. Só tenho a lhe agradecer a fazer parte da família Comic House.
ResponderExcluirO texto nos remete não apenas as delícias das histórias em quadrinhos. Constata tbm a realidade opressiva das mulheres,independente dos lugares que habitam. Parabéns Vitória!
ResponderExcluirEu que me orgulho de passar a fazer parte desta jovem comunidade.
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