Por Renato Félix*
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A direção neozelandesa é a primeira mulher duas vezes indicada ao Oscar de melhor direção com uma história sensível e muito bem narrada sobre personagens masculinos deslocados em um ambiente que, mesmo nos anos 1920, ainda tem quase tudo do velho oeste. O filme também está indicado a oito Baftas e três SAGs, e ganhou três Globos de Ouro (filme/ drama, direção e ator coadjuvante [Smit-McPhee]).
Primeiro de dois filmes em que Villeneuve adapta o clássico da literatura de ficção científica. Trata de um planeta que produz uma especiaria na qual governos de outros planetas estão de olho e de um jovem de família nobre que se revela o líder prometido dos nativos pobres do planeta. Os fãs do livro sonhavam com uma adaptação de respeito do livro desde a malfada versão de David Lynch, de 1984. Mas Villeneuve acabou não indicado a direção.
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Spielberg revisitou um grande clássico da Broadway e do cinema, e um grande vencedor do Oscar: o original de 1961 ganhou 10 prêmios, incluindo melhor filme. A robusta lembrança no Oscar vem na esteira do sucesso de crítica e apesar do pouco interesse do público. A expectativa é que Ariana DeBose repita o êxito de Rita Moreno na premiação. Já escrevi sobre ele: leia aqui.
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A capital da Irlanda do Norte batiza o filme e é onde nasceu Kenneth Branagh, um especialista em Shakespeare que também fez outras coisas, até filme de super-herói. Aqui ele busca uma nota mais pessoal, baseado em eventos de sua própria infância. Indicado pessoalmente como produtor, diretor e roteirista, Branagh se tornou a primeira pessoa indicada em sete categorias diferentes do Oscar. O pessoal sentiu falta de Caitriona Balfe entre as indicadas.
É a história do pai das tenistas Venus e Serena Williams e de seu esforço para fazê-las campeãs. Aquela história de superação, com um final feliz que todo mundo já conhece desde o começo. Will Smith há muito tempo persegue um Oscar.
Vencedor do prêmio da crítica no Festival de Cannes e do Globo de Ouro de melhor filme de língua não inglesa, o filme japonês é a produção do ano que conseguiu romper a barreira da língua e ser indicado também nas categorias de filme, direção e roteiro. São 3 horas de duração com a história de um diretor de teatro em luto, com a sensação de nunca ter compreendido a esposa falecida, tendo que lidar com uma motorista com quem tem que deixar o carro quando vai trabalhar em Hiroshima. É adaptado de um conto de Haruki Murakami.
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Muito visto e comentado, faz uma debochada metáfora sobre o negacionismo e a burrice coletiva, aqui com relação a um cometa que vai colidir com a Terra e erradicar a vida no planeta (mas poderia ser sobre o aquecimento global ou o coronavirus).
Del Toro refilmou um filme noir sobre sujeito que aprende num circo a ser um mentalista e depois usa o talento para ganhar dinheiro de gente rica.
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É a versão americana do filme francês A Família Bélier, com a história de uma família de surdos, onde apenas uma adolescente não é surda. Ela acaba sendo uma tradutora para a família, que vive da pesca, mas o conflito surge quando ela tem a possibilidade de abraçar o canto e entrar em uma faculdade de música. É um filme terno e bem-humorado, de que se gosta fácil. A protagonista, Emilia Jones, foi indicada ao Bafta, mas ficou fora do Oscar.
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PTA numa chave mais leve: o amor de dois jovens em 1973. Está indicado nas categorias grandes, mas, como sempre, o diretor parece ser subestimado pela Academia.
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Andrew Garfield faz um tour de force na interpretação do compositor Jonathan Larson sob a pressão de terminar um musical e fazer com ele seu primeiro sucesso no teatro. E isso é contado por ele em um monólogo musical. Uma carinhosa homenagem ao compositor que morreu cedo e deixou o sucesso imortal de Rent. Leia minha crítica.
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A adaptação de uma das maiores tragédias de Shakespeare ganha uma adaptação de visual bruto, geométrico, espartano e espetacular nas mãos de Joel Coen (em direção solo, sem o irmão Ethan). O filme foi reconhecido por isso e pela grande atuação de Denzel Washington.
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Os Ricardos do título são o casal principal da icônica série I Love Lucy, interpretados por Lucille Ball e Desi Arnaz, casados na vida real e produtores da série. Nicole Kidman e Javier Bardem estrelam o filme. É difícil demais imaginar Nicole como a careteira Lucille, Se desse certo, seria mesmo material para Oscar.
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Esnobada pelos compatriotas no Bafta, Olivia Colman garantiu seu lugar entre as indicadas a melhor atriz. A versão jovem de sua personagem é vivida por Jessie Buckley, também indicada. Na história, elas interpretam uma mulher em conflito com a maternidade: Olivia rememora isso durante férias no litoral italiano.
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O novo filme de Almodóvar é sobre duas mulheres de faixas etárias diferentes que se preparam em um hospital para terem bebês no mesmo dia, encontrando apoio e cumplicidade uma na outra. Notório diretor de atrizes, o espanhol vê Penélope Cruz conseguir a segunda atuação na categoria por um filme seu (ela já ganhou como coadjuvante, mas em filme de Woody Allen).
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O diretor chileno já havia abordado Jacqueline Kennedy (que rendeu uma indicação a Natalie Portman) e agora abordou os dias em que a princesa Diana resolveu se separar do príncipe Charles.
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Jessica Chastain ganhou um papel para deitar e rolar: a ascensão e queda de uma pastora de TV.
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O filme norueguês aborda a vida de uma jovem mulher indecisa sobre os rumos a tomar na vida. A comédia dramática é outro filme de língua não inglesa a ganhar indicações além desta categoria.
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A animação da Disney explodiu de popularidade quando chegou ao streaming e a história de Mirabel, a garota colombiana sem poderes numa família onde todos têm dons especiais e que precisa descobrir o mistério que está ameaçando a magia de seus parentes. A curiosidade é que a canção que é o maior sucesso musical do estúdio nos últimos tempos, “We don’t talk about Bruno”, não foi indicada e por culpa da própria Disney, que não apostou nela e não a inscreveu.
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Com o título em inglês de Flee, o filme dinamarquês conseguiu a proeza inédita de ser indicado nas categorias de animação, documentário e filme de língua não inglesa (ou “filme internacional”, como rebatizou a Academia). É sobre um refugiado afegão que vai casar com o noivo e resolve revisitar seu passado. Foi premiado nos festivais de Sundance e Annecy (principal festival de animação do mundo). Aqui, passou no festival de documentários É Tudo Verdade.
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O longa da Pixar estreou direto no streaming e conta uma história de aceitação das diferenças: dois garotos monstros marinhos que viram humanos fora d’água e vivem aventuras numa cidadezinha litorânea italiana. Uma história terna com um belíssimo visual. Leia minha crítica.
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Um agitado e divertido longa sobre uma família disfuncional que se torna a última esperança da Terra quando robôs dominam o planeta. Os personagens bem construídos elevam esse filme além da média das aventuras animadas, mas há também um monte de sacadas visuais, brincando com filtros de Instagram, memes e o amor pelo cinema da personagem principal.
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Aventura da Disney sobre uma jovem guerreira de um reino fantástico que parte em busca de um dragão, quando todos acreditam que a espécie foi extinta, para salvar seu mundo.
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O filme do Butão, pequeno país asiático, é sobre um professor que quer se mudar para a Austrália e virar cantor. Enquanto isso não acontece, ele é deslocado para a escola mais remota do país. O que inclui, inclusive, um iaque que deve ser criado dentro da sala de aula.
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Sorrentino revisita sua adolescência em Nápoles, nos anos 1980, mostrando a comédia e o drama de um jovem e sua família nos dias em que Maradona virou ídolo local jogando no clube da cidade. O diretor italiano faz aqui seu Amarcord.
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Uma observação sobre a China contemporânea, sua força de potência, as questões trabalhistas e de desigualdade social.
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Uma volta, 50 anos depois, a rebelião em uma prisão americana marcada pela violência e o racismo.
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Um registro do Harlem Cultural Festival, evento que celebrou a cultura negra em 1969, mas que acabou não tendo os mesmos holofotes do festival de Woodstock.
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O filme mostra a jornada do primeiro jornal diário da Índia com uma equipe formada por mulheres e que enfrenta um ambiente ainda dominado por homens.
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É um drama de mãe e filha. A filha está a caminho de mais uma de muitas tentativas de se livrar das drogas e a mãe passa com ela alguns dias antes de que ela vá para a clínica.
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Na Londres dos anos 1970, Cruella DeVil tenta se afirmar como uma jovem talento da moda e ainda se vingar. A vilã de 101 Dálmatas deixa de ser vilã nesta espécie de prelúdio, mas o filme é indicado por aquilo que realmente foi seu destaque. Leia minha crítica.
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Musical que adapta a história de Cyrano de Bergerac, que se acha muito feio para conquistar sua amada Roxanne e resolve ajudar um bonitão bocó com sua poesia e sensibilidade. Peter Dinklage interpreta o protagonista e a direção é de Joe Wright, de Orgulho e Preconceito.
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A derradeira aventura de James Bond estrelada por Daniel Craig é o final em uma nota alta dessa fase do personagem. Mas foi indicado nas categorias técnicas de sempre dos blockbusters, não rompeu a barreira, como Skyfall. Leia minha crítica.
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Os fãs esperavam que Lady Gaga concorresse a melhor atriz, mas ela ficou de fora. O filme que mostra as intrigas de bastidores no império da moda acabou quase ignorado.
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A continuação de um clássico da comédia dos anos 1980 leva o príncipe Akeem de volta a Nova York para encontrar um filho que ele não sabia que tinha. Com Eddie Murphy e Arsenio Hall fazendo vários personagens, o filme repete uma das indicações que o original também conseguiu.
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Uma mistura de comédia e aventura em que um funcionário de banco descobre uma terrível verdade: é um figurante em um videogame.
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Os mais empolgados queriam até uma indicação a melhor filme para a aventura que promoveu o encontro entre os Homens-Aranha de três franquias. Era demais, claro, mas o filme até podia concorrer em umas categoriazinhas a mais que só a efeitos visuais. Leia minha crítica.
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Um dos mais fracos filmes do universo cinematográfico da Marvel, Shang-Chi não é exatamente um grande destaque nem nesse quesito.
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