segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Quadrinhofilia, de José Aguiar

O álbum de José Aguiar começa com uma história sem título, com texto de Fernanda Baukat (esposa do quadrinista), bem pertinente, afinal Quadrinhofilia reúne histórias que foram feitas ao longo de 10 anos, com estilos diferentes tanto no desenho quanto na narrativa. O nome "Quadrinhofilia" veio de necrofilia, por causa da intenção de José Alencar de revirar sua coleção de quadrinhos "mortos e enterrados em busca de elocubrações interessantes" (palavras do autor, no posfácio).

Temos então 14 histórias curtas, algumas em preto e branco, outras muito coloridas e outras, ainda, com variações de uma mesma cor, como a excelente Genealogia do Mal ou "Eu fui um bebê diabo do ABC paulista", com roteiro de Abs Moraes, desenhos e cor de Aguiar e arte-final de Jairo Rodrigues. A história mostra um repórter com pouco controle da raiva que vai atrás de uma história publicada em um jornal durante o período da ditadura militar no Brasil e descobre que não passa de manipulação da opinião pública e da crença popular. Ou será que o velho jornalista não estava protegendo alguém?

Há ainda o saudosismo dos bailes de carnaval de antigamente, numa história colorida e embalada pelo samba; o mistério e a loucura em O Gabinete do Doutor Caligari e a piada infame (de acordo com Aguiar, eu achei divertidíssima) com os nomes absurdos em Catarrinho de Amor. José Aguiar ainda apresenta uma história autobiográfica de sua ida à Alemanha e da crise das HQs que acontecem pela Europa de forma leve, divertida e informativa.

De mistério à comédia, Quadrinhofilia envolve um pouco de tudo, cada uma em sua história, com estilo de traço e de cor condizente e apropriado ao tema. Além disso, José Aguiar é uma figura simpaticíssima e acessível, dado a conversas no Twitter. Portanto, se você leu algum dos seus livros ou visitou seu blog e quer comentar com o autor, não se acanhe, a arroba é @quadrinhofilia. Nós, da @Comic_House, também esperamos um twit seu.