terça-feira, 26 de agosto de 2025

Serão os Quatro Fantásticos realmente fantásticos no cinema? - por Lucas Freitas




Então, nos últimos meses, tivemos acesso ao filme Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, longa que finalmente vai inserir a Primeira Família do Universo Marvel em seu universo cinematográfico.

E a bem da verdade, já não era sem tempo.


Ainda que não tenha hoje o mesmo peso que outras grandes equipes da editora, como os X-Men (e, mais recentemente,os Vingadores), ou personagens mais populares, como o Homem-Aranha, o Quarteto é uma peça vital para o que foi a revolução dos quadrinhos promovida pela Marvel Comics, ainda na década de 1960, naquela pode ter facilmente sido uma das maiores reviravoltas dos comics.


Afinal, como apresentado por Pedro Hunter, em seu artigo de 2015 para o Omelete:


“O dono da Marvel, Martin Goodman, jogava uma partida de golfe com Jack Liebowitz, um dos donos de sua grande rival, a DC Comics. A falência de sua distribuidora, anos antes, deixara a editora sem um meio de colocar suas revistas à venda e Martin teve de se submeter a um acordo humilhante com a DC, que passou a distribuir as revistas da Marvel, impondo a esta um limite de oito títulos por mês. A outrora poderosa Marvel (ou Atlas ou Timely, nomes que a editora de Goodman usou em alternância até os anos 1960) estava em ruínas e Liebowitz aproveitou a ocasião para tripudiar de Goodman, comentando como a nova série de sua editora, Liga da Justiça, vendia bem, usando o expediente simples de juntar todos os maiores heróis da DC em um título só. Goodman decidiu então aproveitar-se da ideia e fazer um título similar na Marvel.”



A execução de tal ideia coube ao sobrinho de Goodman, Stanley Martin Lieber, mais conhecido como Stan Lee (1922-2018), que recrutou o artista Jack Kirby (1917-1994) que, em novembro de 1961 apresentaram a jornada de um grupo de exploradores que, em seu desejo de vencer os russos na corrida espacial, como era a praxe no período da da Guerra Fria (1947-1991), roubam um foguete para alcançar a Lua. O que encontram, porém, é uma tempestade de raios cósmicos que afetam o grupo de maneira fantástica.




Reed Richards, grande mente por trás da construção da nave e do lançamento, ganha os poderes de elasticidade, podendo esticar e moldar seu corpo ao bel prazer. Sue Storm, noiva de Reed, ganha o incrível poder da invisibilidade e a capacidade de criar campos de força. Johnny, irmão mais novo de Sue, pode se transformar no Tocha Humana (poderes autoexplicativos aqui). E, por fim, temos Benjamin Grimm, melhor amigo de Reed e piloto da nave que, ao ser atingido pelos raios cósmicos, se transforma no Coisa, um humanoide de pedra com força e resistência sobre humana.


Assim reunidos, os quatro decidem usar seus poderes para o bem, auxiliando a humanidade como a equipe que viria a ser conhecida como Quarteto Fantástico, dando início a Era Marvel dos Quadrinhos.



Afinal, foi nas páginas do Quarteto que Lee e Kirby primeiro deram forma ao super-herói moderno, adicionando problemas e conflitos cotidianos no caminho dessas maravilhas contemporâneas. Como exemplo, já nas primeiras 10 edições da revista, acompanhamos as brigas incessantes entre o Coisa e o Tocha Humana, as crises de relacionamento entre Reed e Sue, e até mesmo problemas financeiros, com a equipe tendo que arranjar empregos para poder pagar as contas do Edifício Baxter, dando ao fantástico universo da equipe um ar bastante próximo aos problemas que seus próprios leitores conheciam, em uma fórmula que viria a ser levada à perfeição alguns anos depois, nas aventuras do Homem-Aranha.


É claro que não foram apenas crises e problemas que se apresentaram para a equipe. De fato, momentos felizes foram também apresentados, como o casamento de Sue e Reed Richards, o nascimento de Franklin, o desenvolvimento do relacionamento de Ben Grimm com a escultora Alicia Masters, solidificando ainda mais a dinâmica que, desde o princípio, diferenciou o Quarteto das demais super equipes: a conexão familiar.



Pois esta é uma das grandes verdades por trás da equipe: o Quarteto é, antes de qualquer coisa, uma família. E, como família, atravessaram juntos o melhor e o pior. Dos momentos de felicidade aos de tristeza, a unidade dessa família peculiar permanecerá sempre, se estendo até mesmo para os seus convidados e membros substitutos.


Uma outra grande verdade por trás da equipe, está no fato deles serem exploradores acima de tudo. Sim, antes de heróis que cruzam o mundo em busca de ação, o Quarteto é uma família de exploradores sempre em movimento, explorando não apenas os mistérios da terra, mas também do próprio universo. De fato, tanto é que muito da expansão do Universo Marvel foi proporcionada pelo Quarteto que introduziram as páginas dos quadrinhos seres vindos do longínquo espaço sideral, como os Skrulls, os Kree, Galactus, Surfista Prateado e o Vigia, assim como seres escondidos nos confins da própria Terra, como os Inumanos e o mundo subterrâneo do Toupeira. Isso para não mencionar os espaços interdimensionais, como a Zona Negativa, governada pelo Aniquilador, ou o Microverso e a ameaça do Homem-Psíquico.


Isso, é claro, sem mencionar a criação de um dos maiores antagonistas dos quadrinhos, Victor Von Doom, mais conhecido como Dr. Destino, possível tema para um outro texto.


Assim, tendo em vista o grande papel da equipe no Universo Marvel, seria de se esperar que o mesmo tivesse um papel mais ativo na mídia mas, ainda assim, esse não foi o caso. Ausente durante praticamente todo o desenvolvimento do UCM, a equipe também se viu sumindo das demais mídias, como animações, videogames e até mesmo quadrinhos, em um exílio iniciado em 2015, e que só começou a ser revertido em 2018.


Nesses 3 anos de banimento, no entanto, a Primeira Família da Marvel teve sua participação restrita a revistas de outros grupos e personagens, e, mesmo assim, quase nunca em sua formação completa, com membros da equipe sendo integrados a outras equipes, como no caso do Coisa, que passou a fazer parte dos Guardiões da Galáxia.


O que teria motivado esse movimento de apagamento da equipe? Basicamente ganância corporativa. Segundo rumores de dentro da indústria, uma vez que os direitos do Quarteto se encontravam com a Fox, a publicação de revistas da equipe seriam “propaganda para a concorrência”. Ainda que possa parecer um motivo um tanto quanto inusitado, não parece de todo irreal, como prova a persistência da Marvel em tentar popularizar os inumanos no lugar dos mutantes - estes pertencentes a uma outra franquia de posse da Fox.


Desde o fim desse banimento, porém, o Quarteto tem voltado a marcar presença, tanto nos quadrinhos, em fases extremamente elogiadas, como a de Ryan North, como nos videogames (Marvel Ultimate Alliance 3 e Marvel Rivals) e, agora, finalmente de volta aos cinemas, mas, desta vez, pelas mãos da própria Marvel, em algo que, talvez, possa ser o começo de uma nova Era para o UCM.


E uma Era trazida pela mesma equipe que, lá na década de 1960, abriu as portas daquilo que veio a se tornar o Universo Marvel.







sexta-feira, 4 de julho de 2025

Um Último elogio a Luccheti, por Lucas Freitas



E eis que voltamos ao texto que, até hoje, nunca consegui terminar.


Sendo bem sincero, acredito que todo texto é difícil. Ainda assim, alguns com certeza são mais difíceis do que outros. Alguns pela importância do tema tratado, outros, pelo peso que representam. Tanto é que há mais de 1 ano venho pensando em como deveria escrever esta despedida ao grande Rubens Francisco Lucchetti, mais conhecido como R.F.Lucchetti, que veio a falecer em 04 de abril de 2024, aos 94 anos de idade, e ainda em atividade.


Passados um ano desde a despedida final ao grande mestre, ainda não encontrei uma forma que me pareça adequada para falar sobre a trajetória de Lucchetti. Por mais que escreva e reescreva este textos, não pareço encontrar palavras para definir uma trajetória tão longa e complexa - e vital para a muito do terror que temos aqui no Brasil.


Ainda assim, tentarei fazer o meu melhor.

 

Nascido em 29 de janeiro de 1930, a trajetória de Rubens Francisco Lucchetti nas letras tem início ainda em 1942, mais especificamente, em 31 de outubro, quando publica seu primeiro conto “A Única Testemunha”, no jornal O Lapiano, uma publicação do bairro da Lapa, em São Paulo. Autodidata, Lucchetti fez a escola apenas até o quarto ano, aprendendo tudo o que sabia por meio da leitura ou da própria prática.


Tendo que trabalhar desde cedo para ajudar no orçamento familiar, a vida de Lucchetti sempre foi marcada por esse binômio de trabalho e escrita. Até o ponto em que conseguiu transformar a escrita em sua profissão. Além das publicações em jornais, trabalhou também em rádio, televisão, quadrinhos e cinema, além de, claro, publicando contos e romances.


Ao longo de sua trajetória, teve uma participação gigantesca na vida cultural de Ribeirão Preto, tanto que chegou a ser eleito para a Academia Rio Pretana de Letras, apesar de nunca ter recusado o convite por motivos de sua timidez. De fato, além de sua conexão com o cinema, organizando mostras de cinema entre 1960 e 1965, foi também ali que iniciou seu trabalho no rádio, entre os anos de 1956 e 1965, quando escreveu seriados para a PRA-7 Rádio Clube de Ribeirão Preto.



Será também em Ribeirão Preto que Lucchetti realizará seus primeiros trabalhos na televisão, criando, na estação da TV Tupi da cidade, o seriado "Quem Foi?”. Estreando em 21 de abril de 1961, o programa de investigação e mistério permitia que o público ligasse diretamente para o estúdio e tentasse adivinhar a identidade do culpado do crime - sendo este um dos primeiros, se não o primeiro, programa do tipo a ser produzido no Brasil.



A essa experiência na TV, se seguirá o seriado Além, Muito Além do Além (TV Bandeirantes) e O Estranho Mundo do Zé do Caixão (TV Tupi). Ambos criados pelo icônico José Mojica Marins (1936 - 2020), traziam histórias de terror narradas por seu alter ego, o Zé do Caixão.




A associação de Lucchetti com o cineasta brasileiro, iniciada em 1966,foi extremamente prolífica. Segundo o mesmo, em entrevista a Rafael Spaca no livro Conversações com R.F.Lucchetti (de onde boa parte das informações desse texto foram tiradas), os roteiros por ele elaborados para o personagem contavam com: 15 roteiros de longas, 58 episódios de programas de TV, 7 gibis, 2 rádios novelas, 1 minissérie e 1 projeto de novela. Além deles, existiriam ainda, de acordo com o próprio Lucchetti,  16 roteiros inéditos por ele elaborados - além de um curioso projeto de desenho animado que contaria com o Zé do Caixão criança.


Apesar de render frutos tenebrosos, a colaboração entre os dois se encerrou em agosto de 1969. Entre os vários motivos, estariam desde alterações aos roteiros de Lucchetti, realizados por Mojica sem sua autorização, passando pela falta de foco e organização do diretor. Desnecessário dizer que também houve um trabalho por parte do próprio cineasta de invisibilizar o trabalho do roteirista, uma vez que o mencionava poucas vezes em entrevistas, chegando até mesmo a “atrapalhar” que outros viessem até Lucchetti, quase como se tivesse medo de perdê-lo.



Apesar da experiência, voltaria a trabalhar no cinema na década de 1980, tendo trabalhado majoritariamente com o diretor Ivan Cardoso, tendo escrito os roteiros para os filmes O Segredo da Múmia (1982), vencedor do prêmio Kikito de Melhor Roteiro no Festival de Gramado de 1982, As Sete Vampiras (1986), O Escorpião Escarlate (1989) e Um Lobisomem na Amazônia (2005) - sendo esta sua última participação no cinema. Além de Ivan, trabalhou também com nomes como Wilson Rodrigues e Jean Garrett. Ainda assim, de todas as mídias em que atuou, foi o cinema que mais lhe causou desgosto, devido às constantes alterações que eram realizadas sobre o seu trabalho.



Mas, dentre todos os trabalhos de Lucchetti, talvez tenha sido sua produção como autor que mais tenha se destacado. Começando a escrever sob encomenda ainda na década de 1960, teve seu primeiro livro de bolso, O Ouro dos Mortos, publicado já em 1963. De lá até 2004, detinha a impressionante cifra de mais de 1.547 títulos publicados. Alguns deles, como O Fantasma de Tio William, marcaram gerações de leitores que efetivamente conheceram o nome do autor. Ainda assim, é difícil de se estimar quantas pessoas podem ter sido impactadas pelo autor que utilizou uma série de pseudônimos oa longo da carreira. De fato, se o ator Lon Chaney ficou conhecido como “O homem das mil faces”, Lucchetti facilmente poderia receber o título de”O homem dos mil nomes”, tendo escrito sob uma lista de nomes como: Terence Gray, Mary Shelby, Theodore Field, Peter L. Brady, R. Baba, Christine Gray, Isadora Highsmith, Helen Barton, Frank Luke, Brian Stoker, Vincent Lugosi, Erich Von Zagreb, Frank King e Vera Waleska.


Importante salientar que boa parte desses nomes veio mais por demanda editorial, fosse para “criar” autores que pudessem escrever diferentes gêneros, fosse para dar um ar de produto importado aos seus produtos.


Igualmente vasta foi a produção de quadrinhos de Lucchetti, que trabalhou com nomes de peso do quadrinho nacional, como Jayme Cortez, Nico Rosso, Júlio Shimamoto, Eugenio Colonnese, produzindo em revistas clássicas como A Cripta, e várias outras revistas. Algumas dessas histórias curtas podem ser encontrados na antologia No Reino do Terror de R.F.Lucchetti, publicada em 2001 pela Opera Graphica e organizada por seu filho, Marco Aurélio Lucchetti, que talvez tenha sido seu maior colaborador e parceiro. 


Ainda como roteirista,  assumiu a produção de algumas histórias de terror da Bloch. Na época, com o encerramento de uma série de títulos estrangeiros, mas com uma forte demanda no mercado interno, Lucchetti passou a assumir os roteiros de A Múmia Viva e Frankenstein, títulos originalmente da Marvel Comics, mas que passaram a ser produzidos no Brasil. 


Também como quadrinista, publicou duas biografias, a primeira, intitulada A Vida de Silvio Santos, lançada em 1969. A segunda, uma biografia do mestre do terror norte-americano Edgar Allan Poe intitulada A Vida e os Amores de Edgar Allan Poe. Esse volume, lançado em 2018 pelo Sebo Clepsidra, marca uma de suas últimas produções em quadrinhos.


Sim, por mais que tenha tido seu auge nas décadas de 1960-1980, Lucchetti foi um autor que se manteve trabalhando ininterruptamente até seus últimos anos de vida.  Na verdade, os anos 2000-2010 trouxeram uma espécie de redescoberta para o autor, graças ao advento das redes sociais. Encontrando um novo canal de contato, e com o apoio do filho, o autor conseguiu criar um novo canal de contato com seu público. Para isso, muito colaborou projetos como o Editorial Corvo, que lançou a Coleção R.F.Lucchetti, publicando - e republicando - os trabalhos do autor. Da mesma forma, a internet deu a Lucchetti um ponto de contato não só com novos fãs, mas também como todo um mundo de jornais e meios de comunicação, como sua emblemática entrevista ao The New York Times.



No entanto, como tantas vezes na vida do autor, até mesmo essa redescoberta não veio sem suas dores. Dentre eles, sem dúvida o caso em que seu perfil de Facebook foi apagado, em outubro de 2014 que chegou a inclusive abalar a saúde do autor, em uma quase novo lançamento ao esquecimento.


E, infelizmente, essa parece ter sido uma constante na carreira de Lucchetti.


Tivesse ele nascido em qualquer outro país, certamente seria lembrado e cultuado como uma verdadeira potência de escrita. Ainda assim, tais foram as condições que o grande mestre do pulp passou por uma série de altos e baixos, chegando mesmo ao ponto de ter dito, em entrevista ao mesmo Rafael Spaca que não sentia o peso do esquecimento devido ao fato de jamais ter sido lembrado. Apesar do auge produtivo e de sua participação em uma série de setores, amargou quase 20 anos de um ostracismo cultural que só viria a terminar nos anos 2000, ainda assim, apenas para sofrer um novo golpe em 2014.


Assim, por mais que tenha tido seu reconhecimento, não foi uma vida fácil essa vivida por Lucchetti. Apesar do grande corpo de seu trabalho, viveu sempre como um desconhecido, mas sempre trabalhando em seus livros, como um verdadeiro apaixonado que era pelo terror e pela ficção policial.


Um dia, pretendo falar sobre o papel que Lucchetti teve em minha carreira, mas isso ficará para um outro texto, em uma outra ocasião. Por ora, fica aqui apenas essa pequena homenagem ao grande Papa do Pulp, que, por mais que tenha sido esquecido, jamais deixará de ser lembrado por aqueles tocados por suas obras.


E o resto, infelizmente, é silêncio.



quarta-feira, 23 de abril de 2025

📣 Preparem seus corações: a Comic House retorna em grande estilo!

 


❤️ Preparem-se porque a inauguração da Comic House será um evento que vai ficar marcado na memória de todos os fãs de HQs e cultura pop.

📌 O encontro já tem data: sábado, 26 de abril, a partir das 14h, com programação repleta de lançamentos, performances e sessões de autógrafos imperdíveis.


🌟 Primeiro Bloco de Sessão de Autógrafos – 15h

É isso mesmo que você leu! Teremos dois blocos de autógrafos, e o primeiro começa cedo:

  • ✍️ Gabriel Dantas (@bifedeunicornio) autografa “Almanaque Bife de Unicórnio #1”, “Abandonado por Elena” e “Meu Gato de Tapa-Olho”

  • ✍️Marcio Garcia (@marcosgarcia_arts) assina “Universo Zero”, “Lampião na Terra dos Santos Valentes” e “Coletânea Potiguar de Quadrinhos”

  • ✍️ O casal Leander e Cristal Moura  trazem o melhor do terror nacional com “Carpe Diem” e “A Besta”, além do lançamento especial do livro “Monstrinhas para Colorir”


🌟 Performance Especial – 17h30

Antes do segundo bloco de autógrafos, teremos um momento inesquecível: uma performance de dança com o incrível @coletivo.tribo.ethnos, celebrando a arte em suas múltiplas formas.



🌟 Segundo Bloco de Sessão de Autógrafos – 18h

A noite segue em clima de festa com quatro grandes nomes que marcaram presença no universo dos quadrinhos:

  • ✍️ Mike Deodato (@mikedeodato) autografa “As Aventuras de Flama e Outras Histórias”

  • ✍️ Alberto Pessoa (@albertoemquadrinhos) assina “Justiceiro: Anos de Chumbo”

  • ✍️ Paulo Moreira (@paulomoreirap) autografa prints exclusivos, zines hilários e as HQs “Só as Melhores” e “Bom Dia, Socorro”

  • ✍️ Vant Vanz (@vantvazsilva) apresenta e assina seus potentes Quadrinhos da Tribo Éthnos

🌟 Uma festa para todos os fãs de quadrinhos

Além dos autógrafos e performances, o evento será uma verdadeira celebração da cultura geek e da produção independente de HQs.

🎨 E para aquecer a ansiedade, temos os dois cartazes oficiais que já dão o tom da festa:

  • Um produzido pelo espetacular Gabriel Dantas, o @bifedeunicornio

  • Outro criado com todo talento por pelo prodigioso, Paulo Moreira @paulomoreirap

❤️ A Comic House é mais do que uma loja: é um espaço de encontro, de partilha e de paixão pelos quadrinhos. E neste dia especial, queremos dividir essa alegria com cada um de vocês.

👉 Marquem na agenda, chamem os amigos e venham viver esse momento histórico.
A Comic House está de volta e a festa vai ser inesquecível!

terça-feira, 15 de abril de 2025

Comic House tá de volta!

 


🌟 É oficial: a Comic House retorna e o coração já dispara só de escrever isso. Quem é apaixonado por HQs, cultura pop e quadrinhos sabe que este é um momento inesquecível. Não estamos falando apenas da reabertura de uma loja, mas do renascimento de um espaço que sempre foi ponto de encontro para fãs, colecionadores e artistas.

🔥 E tem mais! As novidades não param aqui. Nos próximos dias vamos revelar um evento exclusivo que promete entrar para a memória da galera: a primeira sessão de autógrafos na Comic House, reunindo quatro quadrinistas de peso. Imagine poder conversar, tirar fotos e garantir seu exemplar autografado pelos nomes que fazem a diferença no universo dos quadrinhos. É emoção garantida!

🌟 Enquanto a lista de convidados não é revelada, já dá para sentir a energia no ar. O cartaz oficial do evento, criado pelo talentoso Lucas Nobrega, é um presente para os olhos: cheio de referências ao mundo dos quadrinhos, que fazem qualquer fã se emocionar e já começar a contagem regressiva.

💬 Mais do que uma loja, a Comic House é um espaço de encontros, trocas e descobertas, onde cada HQ na prateleira guarda histórias que vão além das páginas. Agora, com esse retorno, reforçamos nosso compromisso de trazer conteúdo, experiências e eventos que conectam gerações de leitores.

🌞 A todos vocês, que sempre acreditaram no poder dos quadrinhos e no valor da cultura, deixamos um abraço gigante – daqueles que não estão no gibi.

❤️ O reencontro está mais perto do que nunca. Prepare sua coleção, seu coração e sua curiosidade, porque a Comic House voltou para fazer história!

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

HQ sobre a luta pela liberdade é o grande lançamento para o mês de março






Os Tambores de São Luís é uma obra em quadrinhos de 176 páginas, escrita pelo talentoso quadrinista maranhense Iramir Araújo, conhecido por suas notáveis HQs de cunho histórico regionalistas Balaiada e Jurados de Morte e as adaptações para os quadrinhos dos livros, O Mulato e Ursula. Com as ilustrações vibrantes de Rom Freire e Ronilson Freire, esta HQ traz a vida e a luta de Damião, um homem negro que nos conduz por uma narrativa rica e envolvente baseada no romance do escritor, Josué Montello.


A história inicia-se na infância de Damião, no quilombo, um refúgio de resistência e liberdade, onde ele dá seus primeiros passos em meio à cultura e resiliência de seu povo. À medida que a narrativa avança, seguimos Damião em sua tragédia e crescimento durante a adolescência na fazenda, onde ele enfrenta a brutalidade da escravidão.

A HQ captura com maestria a essência do sofrimento e os desafios impostos aos negros no século XIX, refletindo sobre a identidade, a luta e a esperança. A trama se revela de forma impactante à medida que Damião, agora octogenário, revisita o passado ao presenciar o nascimento de seu trineto. Essa experiência não é apenas uma reflexão sobre sua vida, mas também um potente símbolo de desejo e luta pela libertação das amarras da opressão.

As páginas dessa HQ são impregnadas de emoção e realismo, com cada ilustração trazendo à vida o peso da história pessoal e coletiva. Os Tambores de São Luís é mais do que apenas uma história em quadrinhos; é um testemunho da luta pela liberdade e um espaço para a valorização da cultura negra.

A obra busca engajar os leitores a refletirem sobre a importância da história na formação da identidade, especialmente em um contexto onde as vozes e experiências dos negros ainda clamam por reconhecimento.

Com uma escrita envolvente e ilustrações deslumbrantes, esta HQ promete prender a atenção e o coração de todos que buscam entender e honrar as lutas que moldaram nossa sociedade.

Com lançamento previsto para 27/03, ela encontra-se em pré-venda com preço promocional na loja oficial do autor na gibizada.com.br.

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

Essa é mais bela história do Batman já produzida! , por Lucas Freitas



Pois bem, como temos o Batman Day (Dia do Batman) em setembro, o texto deste mês do Correio vai ser especial  ˆˆ

Mas antes, vamos para a parte mais importante: como vai você?


Por uma série de motivos, que vão desde trabalho a loops de perfeccionismo e ansiedade, passei um bom tempo sem conseguir escrever para o Correio, então, acredito que essa é a primeira vez que nos vemos em um bom tempo. Então, pergunto de novo: como vai? Tudo bem por aí? Sabia que senti sua falta?


Agora que estamos retornando, gostaria de primeiro pedir desculpa por essa ausência, e dizer que estarei fazendo meu melhor para conseguir retomar aquela boa e velha regularidade, e cortar de vez os laços de perfeccionismo que prendem os textos. Ou pelo menos, não deixar que eles atrasem tanto novamente.


Agora, voltando ao ponto:


16 de Setembro passou a ser conhecido como o Dia do Batman lá fora por ser nessa data a estreia do personagem nas páginas da Detective Comics, lá nos distantes anos de 1939. Desde então, temos o Cavaleiro das Trevas tem agraciado as páginas dos quadrinhos, livros, televisões e cinemas do mundo em uma trajetória de mais de 80 anos.


Quando falamos sobre quadrinhos, tivemos um sem número de grandes artistas e roteiristas que deixaram suas marcas em fases que ficaram marcadas nas mentes de leitores. De fato, é impossível falar em nomes como Denny O’Neil, Neal Adams, Jim Aparo, Alan Grant, Grant Morrison, Norm Breyfogle, Chuck Dixon, Doug Moench, Steve Englehart, Marshall Rogers, Dick Sprang, Bill Finger, sem lembrar alguma história ou momento memorável na carreira do vigilante de Gotham.


De fato, cada leitor terá sua equipe ideal do Cruzado de Capa, da mesma forma, cada leitor terá uma história que deixará o personagem marcado em sua memória, e é sobre isso que gostaria de falar hoje, ou, mais especificamente, sobre a história aquela que é, para mim, minha história favorita do Batman.


E qual seria ela, você pergunta? Bem, é uma pequena pérola conhecida como “A Noite do Caçador”.


Publicada em Março de 1974 na edição 439 da revista Detective Comics, “A Noite do Caçador” “ (The Night of the Stalker!I”, no original), é uma história bem curta - 14 páginas - que conta com o roteiro de Vin Amendola, Sal Amendola, também responsável pela arte, e Steve Englehart. E sobre o que é essa história? Bem, vamos lá:


A história se inicia quando o Batman, pronto para se retirar após mais uma patrulha, testemunha um assalto a banco. Antes que possa agir, a situação escala quando, em meio à troca de tiros com a polícia, os assaltantes acabam por alvejar um casal de transeuntes, matando-os na frente de seu filho, e de um Cavaleiro das Trevas. A cena, claro, lança o personagem de volta ao cenário de seu maior trauma, a noite do assassinato de seus pais, e o lança numa perseguição implacável e furiosa contra os assaltantes.


E é aqui que as coisas começam a tomar um rumo bem interessante.


Porque, diferente das demais histórias do personagem, “A Noite do Caçador” é praticamente uma história de terror - e tudo isso graças às decisões tomadas pela equipe narrativa.


Primeiro, os Amendola e Englehart criam um processo de impersonalização do Cavaleiro das Trevas. De fato, por mais que ele esteja presente em toda a história, nunca conseguimos saber quais são seus pensamentos ou mesmo o que está se passando com ele de maneira direta. Aqui, tudo, das suas opiniões aos pensamentos, nos é transmitido de maneira indireta por meio dos recordatórios - aquelas caixinhas de texto amarelas - que, pela voz de um narrador onisciente, vão nos apresentando tudo o que se passa no universo interior do personagem.


Ainda que seja um processo relativamente simples, essa decisão causa um efeito bem significativo, uma vez que, ao optarem por não “dar voz” ao Batman, o mesmo termina assumindo os ares de uma força da natureza, ou de  um monstro, que, movido apenas pela sua missão e raiva, vai se livrando de seus adversários, um a um de modo brutal e obstinado. O próprio modo como o personagem faz isso, reforça essa natureza implacável, uma vez que, a cada captura, os demais membros do bando vão ficando cada vez mais apavorados.


Ao mesmo tempo em que despersonaliza o seu heroi, a narrativa passa essa voz aos seus “vilões”, nos permitindo conhecer suas emoções e pensamentos de modo direto, o que nos aproxima, de certa forma, desses personagens, que passam a ser o centro da narrativa. Assim, conseguimos sentir melhor não apenas a implacabilidade do Batman, como também o terror que, gradualmente, vai se espalhando por entre os assaltantes de banco à medida em que veem seus números sendo reduzidos de modo constante.


Essa narrativa de terror chega ao seu ápice quando o Batman se depara com o último assaltante que, tomado pela tensão e terror da longa caçada noturna, simplesmente desaba, implorando para ser preso de uma vez, para que assim possa ter um alívio para aquele tormento. É nesse instante que o Cavaleiro das Trevas consegue encarar seu adversário pela primeira vez, percebendo que está diante de um jovem em pânico.


E é aqui que a história alcança seu ápice.


Deixando que o jovem seja capturado pela polícia, o Batman se retira, voltando para seu lar na Fundação Wayne (nesse período, o personagem tinha saído da tradicional Mansão e se mudado para os últimos andares do prédio da fundação que leva o nome de seus pais). Caminhando pela sala vazia, o Cruzado de Capa remove seu capuz, e é quando vemos pela primeira vez, o rosto de Bruce Wayne. Diferente das visões com que estamos acostumados, porém, não é a visão de um homem sério, sombrio ou calmo, mas antes, a de um homem quebrado, com os olhos perdidos em lágrimas, que vem a desabar em um choro profundo diante do quadro de seus pais.


E é aqui que os recordatórios vem para fechar a história com chave de ouro (tradução minha):


“Dizem que o tempo cura todas as feridas…”


“...e, de fato, Bruce Wayne já aprendeu há muito tempo a conviver com a agonia da perda de seus pais”


“mas quando ele pensa no garoto que foi deixado órfão pelo crime nas ruas ao entardecer…e no outro garoto que o crime deixou em lágrimas horas antes perante a vingança do Batman…”


“...ele se lembra de um terceiro garoto que o crime fez chorar tantos anos antes, e, na sua solitária torre iluminada pela luz cinza da alvorada, neste único momento da eternidade…”


“...ele é aquele garoto novamente.”


E é assim, com um personagem quebrado emocionalmente, que a “Noite do Caçador” encontra o seu encerramento.


E é precisamente nisso que está o que me faz gostar tanto dela.


Dentre todas as histórias do Batman, esta é aquela que, na minha opinião, melhor consegue captar aquilo que acredito ser a essência do personagem. Apesar de toda a construção do Cavaleiro das Trevas como uma força da natureza, é nos momentos finais da narrativa que a história nos apresenta quem ele realmente é: um ser humano marcado por uma dor terrível e que opta constantemente em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para impedir outras pessoas de passarem por essa mesma dor. 


Uma imagem não só imensamente triste mas, ao mesmo tempo, extremamente inspiradora, como nossos herois costumam ser.



Como nota, o CBR possui uma coluna contando um pouco mais sobre a história por trás da “Noite do Caçador”, narrada pelo próprio Sal Amendola, um dos autores da história, que você pode conferir por aqui.


E como curiosidade, existe uma história de um certo personagem canadense, escrita por um certo senhor inglês, que segue uma linha beeeem parecida com a desta história.


Mas isso, é algo que iremos discutir em uma outra ocasião ; )


Referências:


https://dc.fandom.com/wiki/Detective_Comics_Vol_1_439


https://www.cbr.com/deja-vu-on-the-night-of-the-stalker/